Como o exame é usado?
As bilirrubinas são medidas (dosadas) para avaliar anemias hemolíticas ou doenças hepáticas e das vias biliares. Essa dosagem é especialmente importante em recém-nascidos com icterícia. A barreira entre o sangue e o líquido cefalorraquiano está incompleta nas primeiras semanas de vida, e um excesso de bilirrubina não conjugada no sangue pode se depositar em partes do cérebro do bebê, causando lesões irreversíveis.
Quando o exame é pedido?
A dosagem das bilirrubinas no sangue é solicitada quando há suspeita de anemia hemolítica ou de doença hepática ou das vias biliares. Nesses casos, em geral, também é solicitada com outros exames. Quando há suspeita de anemia hemolítica, podem ser pedidos os exames de hemograma, contagem de reticulócitos, haptoglobinas e desidrogenase lática (LDH). Quando se investiga uma doença hepática, outros exames que podem ser solicitados são fosfatase alcalina, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e gama-glutamil transferase (gama-GT).
Sinais e sintomas de anemia hemolítica incluem:
Palidez e icterícia
Fraqueza
Taquicardia
Sinais e sintomas de doenças hepáticas podem ser:
Dor no quadrante superior direito do abdome
Icterícia
Fezes claras e urina escura
Exposição a vírus das hepatites
Uso excessivo de álcool
A dosagem de bilirrubinas é parte importante dos exames em recém-nascidos com icterícia, para avaliar o risco de lesões cerebrais e orientar o tratamento.
O que significa o resultado do exame?
Adultos e crianças
Aumentos da bilirrubina não conjugada (indireta) podem ser causados por:
Anemias hemolíticas, em que há aumento da destruição de hemácias, como a anemia falciforme.
Reações a transfusão de sangue (transfusionais)
Hemorragias internas ou grandes hematomas
Aumentos com predomínio da bilirrubina conjugada (direta) sugerem lesão hepática ou obstrução biliar. Causas comuns de lesão hepática incluem:
Hepatites virais
Consumo excessivo de álcool
Reação a medicamentos
Causas comuns de obstrução biliar são:
Cálculos biliares
Tumores
Fibrose de ductos biliares
Recém-nascidos
A icterícia fisiológica do recém-nascido é bastante frequente. É provocada porque o fígado ainda não está totalmente desenvolvido (imaturidade hepática). Em geral, é resolvida sem tratamento. A icterícia aparece em 48 a 72 horas após o nascimento, chega ao máximo entre o terceiro e o quinto dias e desaparece até o oitavo dia.
A incompatibilidade de grupo sanguíneo Rh (mãe Rh-negativo e bebê Rh-positivo), que provoca anemia hemolítica no feto, já foi um problema frequente, mas atualmente é rara como resultado do uso profilático de imunoglobulina anti-Rh em mães Rh-negativas.
Outras causas de icterícia neonatal são algumas infecções congênitas e más formações biliares. A atresia biliar é uma obstrução congênita das vias biliares que exige cirurgia urgente para corrigi-la.
Há mais alguma coisa que eu devo saber?
Aumentos da bilirrubina não conjugada podem ser tóxicos para o cérebro de recém-nascidos até duas a quatro semanas de vida. Após essa idade, a barreira entre o sangue e o líquido cefalorraquiano está desenvolvida e impede a passagem da bilirrubina para o cérebro. Níveis elevados de bilirrubina não constituem em si um problema, mas devem ser investigados porque indicam uma situação a ser avaliada e tratada.
A urina normal não contém bilirrubina. Entretanto, níveis elevados de bilirrubina conjugada, que é solúvel em água, são eliminados na urina e identificados na urinálise de rotina. A associação de icterícia e colúria (bilirrubina na urina) sugere doença hepática ou obstrução biliar. Icterícia sem colúria sugere anemia hemolítica, quando há predomínio da bilirrubina não conjugada, que não é excretada na urina.
Existem distúrbios hereditários que causam aumento das bilirrubinas?
Nas síndromes de Gilbert, Dubin-Johnson, Rotor e Crigler-Najjar há defeitos hereditários que prejudicam a conjugação ou a excreção de bilirrubina, causando icterícia. Das quatro, a síndrome de Crigler-Najjar é a mais grave e pode ser fatal. As outras não causam problemas sérios. A síndrome de Gilbert é muito comum e afeta cerca de 5% a10% da população, mas a maioria dos afetados não apresenta icterícia.
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